domingo, 28 de dezembro de 2008
Dias de Festas
sábado, 20 de dezembro de 2008
Espelho
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
7 maravilhas de origem portuguesa
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
No mundo da Mulheres
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
sonata sem nome
que não decaí numa insignificância absurda
por muito que me permita
em nada mais sei
que a Terra muda
olhar por olhar o solo
da constância aniquilante
do ardor mesquinho
cresce, aparece e anseia
em vão se quer controlar o destino
depois da mágoa, depois da recodação
depois de dor, depois de uma estranha paixão
os dias correm em velocidade tamanha
que me questiono se é certa
esta minha exaltação.
o dia de sol já sobe
e desce enfim a penumbra
do noveiro se povoa agora
uma sensível inconstância futura
Ouve-me
sussurro-te detalhes de mim
estou só
e desejas-me assim...
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Hino à Razão
Mais uma vez escuta a minha prece,
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.
Por ti é que a poeira movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.
Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre clarões,
E os que olham o futuro e cismam, mudos,
Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!
Ponto de Interrogação
Harry Potter voltou? Não exactamente...
02.12.2008 - 15h58
No Verão passado, quando a saga Harry Potter terminou finalmente, uma onda de tristeza espalhou-se por miúdos e graúdos em todo o mundo. A história tinha chegado ao fim e Harry, Hermione e Ron não voltariam a entrar nas vidas dos leitores. Quinta-feira, esta ausência poderá ser, de certa forma, compensada com o lançamento de "Os Contos de Beedle, o Bardo", o último livro de J. K. Rowling sobre o universo Harry Potter, cujos lucros reverterão para uma instituição de caridade.Para os mais aficionados, é preciso alertar que não se trata de uma continuação das aventuras do jovem feiticeiro. "Os Contos de Beedle, o Bardo" é uma colecção de cinco contos de fadas que surge no último livro da saga, “Harry Potter e os Talismãs da Morte”, deixado por Dumbledore a Hermione. A única história revelada das cinco é “O Conto dos Três Irmãos”, crucial para a execução da última missão de Harry na sua demanda contra Lord Voldemort.Um bom indicador do sucesso que este novo livro pode vir a ter junto do público são os quatro milhões de dólares pelos quais foi leiloada há um ano uma das sete cópias ilustradas e escritas à mão de "Os Contos de Beedle, o Bardo". O comprador foi a Amazon, que se prepara para lançar 100 mil edições de coleccionador, vendidas a 100 dólares cada, e um total de 7.5 milhões cópias da edição normal. A Bloomsbury fará a distribuição do livro da Grã-Bretanha, enquanto a Scholastic ficará responsável pelo mercado norte-americano. Depois de cobertas as despesas, as editoras e distribuidoras concordaram em doar os lucros para a caridade. Quem opte por vender com descontos, uma prática comum nos livros de Harry Potter, terão de o fazer com prejuízo. No catálogo de venda da cópia leiloada, Rowling escreveu: "’Os Contos de Beedle, o Bardo’ é uma destilação dos temas encontrados nos livros de Harry Potter, e escrevê-lo foi a mais maravilhosa maneira de dizer adeus a um mundo que amei e em que vivi durante 17 anos."Com uma fortuna avaliada em 660 milhões de euros, J. K. Rowling é a escritora mais rica do mundo e parece já não ter interesse em aumentar uma fortuna, já por si, considerável. Com este último livro espera conseguir arrecadar alguns milhões para financiar a organização “The Children’s High Level Group” da qual é co-fundadora com a deputada europeia Emma Nicholson, e que foi criada para proteger e apoiar os direitos das crianças em instituições de acolhimento na Roménia, Moldávia, Arménia, Geórgia e República Checa.Em Julho de 2007, “Harry Potter e os Talismãs da Morte” vendeu 11 milhões de exemplares nas primeiras 24 horas, tornando-se no livro mais rapidamente vendido de sempre, ultrapassando o seu predecessor “Harry Potter e o Príncipe Misterioso”. Os livros da série já venderam um total de 400 milhões de cópias, foram traduzidos para 67 línguas e lançaram as bases para oito filmes (o último livro será dividido em duas partes). Os cinco já lançados deram um lucro de 4.5 mil milhões de dólares.Os ávidos fãs de Harry Potter podem já ficar descansados, porque provavelmente "Os Contos de Beedle, o Bardo" não será a última oportunidade para espreitar o mundo de magia do jovem feiticeiro. Rowling já afirmou estar a planear uma enciclopédia da série, cujos lucros também iriam reverter para a caridade.
Reticências
Nobel alerta para distorções nas respostas à crise financeira e à crise climática
O presidente do Painel Intergovermental para as Alterações Climáticas (IPCC) e Nobel da Paz em 2007, Rajendra Pachauri, diz-se admirado com as distorções nas respostas a alguns dos maiores problemas internacionais, nomeadamente com o facto de se investirem milhões de dólares para salvar um sistema bancário em crise, quando a luta contra a pobreza ou contra as alterações climáticas não conseguem mobilizar fundos.
Numa entrevista à AFP, à margem da conferência das Nações Unidas sobre o clima a decorrer em Poznan, Polónia, até dia 14, Pachauri fala de um verdadeiro “desafio à lógica”. “É verdadeiramente estranho o que se passou nestes últimos dois, três meses”. “Desafia toda a lógica se pensarmos no dinheiro gasto nestas acções de resgate, assim tão rapidamente, sem interrogações”, comenta.Pachauri lembra, em comparação, a adopção em 2000 pela ONU dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, relativos à redução da pobreza e das desigualdades no mundo. “Quando os objectivos foram pensados e planificados, o antigo Presidente do México Ernesto Zedillo, que presidia o comité, fez uma modesta proposta de 50 mil milhões de dólares (cerca de 39 mil milhões de euros) por ano em favor das regiões do mundo que simplesmente não tinham os meios para cumprir esses objectivos. Mas todos fizeram chacota e ninguém teve o menor gesto”.“Hoje, as agências e organizações que são responsáveis pela sua própria queda e pela falência de todo o sistema beneficiam de montantes como 2.700 mil milhões de dólares (cerca de 2,1 mil milhões de euros)!”.Para Rajendra Pachauri, estes casos ilustram a “distorção” do sistema económico.O responsável pelo IPCC não esquece ainda as emissões de gases com efeito de estufa, acusadas de serem as responsáveis pelas alterações climáticas. “Se não agirmos agora, os impactos das alterações do clima vão agravar-se progressivamente até um ponto – que já é o caso em algumas regiões do mundo – em que os prejuízos serão consideráveis”.A altura é a mais indicada para inverter padrões de acção. No âmbito da crise económica, “vai ser realizada uma vasta reavaliação das formas de crescimento económico”. “Acredito que iremos assistir a uma grande mudança para uma utilização mais eficiente dos recursos naturais e de energia”.A conferência em Poznan, até 14 de Dezembro, deve preparar as negociações de um novo acordo contra as alterações climáticas, que suceda ao Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Este acordo deverá estar concluído no final de 2009, em Copenhaga. Desta vez deve incluir os Estados Unidos, que rejeitaram ratificar Quioto.Rajendra Pachauri espera encontrar-se o mais rápido possível com o Presidente norte-americano eleito Barack Obama para lhe dar conta do seu sentimento de urgência. “Se puder estar com ele dez minutos, é tudo o que eu preciso”, garante.O IPCC é um organismo científico criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente para disponibilizar aconselhamento independente sobre as alterações climáticas.
Os contos da Madrugada - sol sombrio
domingo, 30 de novembro de 2008
A Norte a Chuva Parou (1a)
sábado, 29 de novembro de 2008
Carta de uma Desconhecida
Encerramento da Semana da Língua e Cultura Chinesas na Faculdade de Letras de Coimbra
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Uma estranha forma de ser
Há uns quinze dias aproveitei um copão de 10euros nas livrarias Bertrand e comprei um livro que há muito me namorava os olhos. A obra, ou melhor, o conjunto de obras tratam-se dos contos completos de Truman Capote, o escritor norte-americano mais conhecido pelo seu best-seller A Sangue Frio e recentemente lançado à ribalta por um filme oscarizado, Capote, e outro que teve o azar de passar quase ao mesmo tempo nas salas de cinema, mas sem prémios, Infame.
Li A Sangue Frio no ano passado, leitura obrigatória numa cadeira de jornalismo escrito. O comentário julgo tê-lo publicado na altura, perdido algures neste blogue que, consoante os períodos, vai tendo maior ou menor actividade. Não me recordo com certezas do que achava da obra antes de a ler. Lembro-me que o filme motivara a sua publicação desenfreada e o destaque em várias livrarias, mas não fora a imposição do professor provavelmente nem lhe teria prestado muita atenção. De resto, a biblioteca cá de casa vai aumentando a um nível assustador, de tal forma que a menos que a curiosidade leve a melhor os gastos estão seriamente limitados.
A leitura começou desconfiada, mas, a pouco e pouco, ganhou alguma substância. No fim já me derramava em lágrimas pelas vidas daquelas quatro pessoas tão cobardemente assassinadas, num leitura completa, plena, estimulante, tão envolvente que me envergonhei de nunca ter prestado a atenção devida ao autor. Pouco tempo depois era lançado Travessia de Verão, um romance inacabado de Capote, que eu li com sincera nostalgia por me recordar um peça dramática com uma história semelhante estudada no meu 12ºano.
Tanto neste último romance, lançado postumamente, como nos Contos Completos descobri-me, quase que de forma inconsequente, a ler as notas introdutórias do editor. Descreviam, basicamente, a vida de Truman Capote, tudo o que fez para subir na vida e o fim trágico ao qual, inadvertidamente, se deixou levar. Sim, eram cusquices! Mas, em certa medida, abriram o pano aos contos que de seguida devorei com inestimável interesse, tão repletos de desejo contido como de alguma mágoa, visões do mundo muito jovens mas já resultado de certa perspicácia, a mácula social que distingue os grandes narradores.
Truman admira a maldade, o que de mais profundo e negro existe em cada um. Admira também o lado belo, requintado, muitas vezes ignorante mas prático da vida. A capa que apresenta o livro é sinónimo dessa dualidade. Capote é-nos apresentado jovem, com um olhar fugidio, desconfiado, sozinho . A fotografia não nos intimida. Capta o nosso olhar desnudo e inquieto, aquele que procura respostas às perguntas mais cabais, mas que surgem invariavelmente ocultas. Quem é ele, porque nos observa assim, porque nos parece julgar? Uma sensação que nos trespassa, nos abandona à nossa transparência tão brutal, tão insignificantemente humana. E, daquela mesma forma atraente, compreendemos os seus contos, impelimo-nos a querer desvendar aquelas personagens, meio adoráveis meio hediondas, que nos acompanham por linhas e linhas de inconfundível satisfação.
Por isso perguntar, até que ponto o conhecimento da maldade e da elegância humana nos diz de nós próprios? Costumo dizer que quem trai é quem desconfia, nunca aquele que foi traido. No mesmo sentido, quem conhece a fundo a emoção mais negra é quem é capaz de a sentir. Os que com incoência olham o mundo, procurando o bom e o saudável que nele existe, pouco sabem, pouco compreendem e pouco são capazes de sentir. Talvez por isso os grandes génios se suicidem sempre...
Para conhecer Capote, em muito mais que a sua obra.
Livro: Contos Completos
Autor: Truman Capote
Edição: Sextante Editora, setembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
As minhas noites de Inverno
(clicar imagens para trailer)
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
a ler...
Autor: Stephen G. Haw
Editora: Tinta da China
Publicado: Outubro de 2008
Para conhecer a China, a sua longa história e desvendar um pouco a sua cultura, numa leitura fácil e acessível, sem deixar de ser completa. Esqueçam é as referências a Macau, porque este senhor ficou-se por Hong Kong e Taiwan...
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Àomén
domingo, 2 de novembro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
A Tabuada do Tempo - Cristóvão de Aguiar
terça-feira, 21 de outubro de 2008
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Contos da Madrugada - Inverno I
domingo, 28 de setembro de 2008
Óbito
sábado, 27 de setembro de 2008
O flautista e a sua sonata
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Composição
que daqui advejo
paixão incerta
de momentos inoportunos
desejo reprimido
do que me acerca
viver sem medo
viver de sonhos
canções de sátira
amores de ódio
mares doces
de sobremesas geladas
anseios vagos
de futuros incertos
crescimento eterno
marcado na terra
ilusão esquecida
que nunca recupera
conquista
de terra inculta
nada prende
nada compõe
quem dera a mim
ser eterna
completar com palavras
pequenas divagações
se vives para ser assim
não cresças
compõe...
domingo, 31 de agosto de 2008
sábado, 9 de agosto de 2008
Dos que tardaram...mas permaneceram
quarta-feira, 30 de julho de 2008
I Fórum Açoriano Franklin Roosevelt - Ponta Delgada
Distinga-se o homem daquilo que representa! Num evento repleto de figuras de destaque nas suas áreas de trabalho e intervenção, a questão peremptória, e tão amplamente discutida, incidiu sobretudo na importância geoestratégica do arquipélago dos Açores no panorama geopolítico mundial! A localização da base das Lajes – assim como a possibilidade de um campo para treino de caças - não escapou imune às referências políticas e históricas dos conferencistas, assim como o sentimento individualista açoriano de se afirmar não enquanto território português mas enquanto um protectorado americano. De facto, o presidente norte-americano Franklin Roosevelt terá visto potencialidades no território, mais próximo, segundo referiu, dos Estados Unidos da América que as suas próprias ilhas no Pacífico. A temática, no entanto, situou-se nas «Relações transatlânticas na opinião pública Europeia e Americana», na Obamomania e no modo como os acontecimentos mais marcantes dos últimos anos poderão influenciar, estrategicamente, o isolacionismo das ilhas do atlântico. De 16 a 18, Ponta Delgada teve o rosto do maior presidente norte-americano do século XX.
Relógio no Pulso
Em Julho de 1918, o subsecretário de Estado da marinha norte americana, Franklin Delano Roosevelt (FDR), passou por Ponta Delgada, ilha de São Miguel, no decorrer de uma viagem de reconhecimento num oceano repleto de submarinos alemães. A sua biografia refere que terá ficado maravilhado com tudo o que observou e constatou nas ilhas portuguesas, mandando mais tarde pintar um pequeno retrato da chegada do seu navio ao local, imagem que esteve em cima da sua secretária até à sua morte. Permaneceu três dias, entre 16 e 18 desse mês, e uma tarde na Horta. Em algumas cartas recolhidas nos arquivos da fundação Franklin Roosevelt, o líder mais carismático da história americana pede à esposa, Eleanor, que mostre no mapa o sítio onde o pai estivera aos filhos. Anos mais tarde, como presidente dos Estados Unidos da América (EUA), terá sugerido que um dos centros da futura Organização das Nações Unidas se situasse nesse local, zona que, segundo referiu, teria «um clima muito bom». Noventa anos volvidos sobre o primeiro acontecimento, o I Fórum Açoriano Franklin Roosevelt destacou-se na oportunidade de ouvir uma longa lista de vozes que ofereceram a sua visão das relações transatlânticas, mas também pela divulgação de uma parte da história açoriana pouco conhecida do público em geral.
Nos três dias marcados apenas faltou o tempo para uma maior intervenção do público, constrangido pela sucessão apertada de conferencistas, intervenções recheadas de saber e irreverência mas que pouca ocasião tiveram para discorrer sobre outras abordagens. Os nomes presentes, no entanto, compensaram largamente qualquer desagrado, numa iniciativa que o embaixador português em Washington, João Vallera, qualificou de «um sucesso». Das bancadas do teatro Micaelense assistiram também um conjunto de estudantes de várias universidades do país, convidados pela Fundação Luso-Americana. Das relações internacionais ao jornalismo, a sua participação alentou, por mais que uma vez, o fornecimento de dados estatísticos pelos conferencistas e o próprio debate nas mesas redondas.
90 anos depois
Grosso modo, os três dias do Fórum resultaram numa divisão mais ou menos tácita dos grandes temas em debate. Se a 16, quarta – feira, a vida e obra de Franklin Roosevelt esteve mais em evidência (com, inclusive, a abertura de uma exposição sobre a personalidade), o dia 17 procurou o olhar americano e a posição estratégica da América no final do segundo mandato do presidente Bush, enquanto o dia 18 se focou efectivamente nas relações transatlânticas.
No seu geral, a ideia, por várias vezes exposta, dos americanos descenderem de Marte, deus da guerra, da acção, da luta, e os europeus de Vénus, deusa do amor, do romantismo, do idealismo. Embate a noção de que a UE, enquanto resultado de duas grandes guerras no seu território, procura actualmente o caminho da conversação, da diplomacia, como verdadeiro garante da liberdade e da democracia, sendo, por tal, várias vezes desacreditada junto dos seus descendentes, os americanos, filhos da luta e que mais sofregamente anseiam pela guerra. A prova foi efectivada por estatísticas e pelas declarações diversificadas, que apostaram sobretudo no diálogo como forma de entendimento para este milénio. De lado – talvez esquecido – o facto de que Marte e Vénus, ainda que de costas voltadas, são os eternos amantes da mitologia citada. Assim, elabora-se a crença de que por mais que os seus ideais sejam divergentes, as suas opiniões e motivações contrárias, Europa e América tendem a construir o seu futuro de mãos dadas. De um modo ou de outro, estão inevitavelmente condicionados às suas relações de aliados.
Com participações diversas e, por vezes, complexas, acreditou-se na importância dos Açores enquanto ponto fundamental á defesa do traçado mundial. Assim, como nas palavras de Roosevelt, «the only thing we have to fear is fear itself». O ponto alto rendeu-se, no entanto, à palestra proferida pelo ex-presidente da república, Mário Soares, que, apoiando Barak Obama, destacou que «os EUA enganaram-se de inimigo ao atacar o Afeganistão, envolvendo a NATO», referindo também que «o eixo do mal não tem qualquer consistência».
Comentando a actual crise económica, a mais grave desde 1929, lembrou que «faltam líderes capazes na Europa para dar novo impulso à UE», concluindo que «o neo-liberalismo esgotou-se». Num mundo que se prepara para acolher um novo líder completamente divergente dos anteriores cânones de governação americana, há que reconhecer que «a globalização selvagem, resultado de um capitalismo de casino, tem que ser regularizada para um desenvolvimento sustentável».
Actualmente, a política volta-se para salvar a economia, conjuntura que se verificou no período de Roosevelt. São necessários valores de força e consciência, assim como o diálogo enquanto «factor de paz». Soares adiantaria também que «o fórum realiza-se num momento de viragem do mundo», visto «estas eleições americanas serem as mais importantes desde a primeira eleição de Roosevelt».
Num diálogo rico pelos seus intervenientes, o fórum venceu pela forma prática e organizada em expor posições e problemas que necessitam de ser debatidos ou, pelo menos, colocados na agenda do nosso espaço público. Para quem veio de fora, o conhecimento inovador da importância do Arquipélago dos Açores veio conferir importância renovada a um território isolado e frequentemente esquecido pelos governantes continentais. Acresce a certeza de que o debate teria merecido uma cobertura mediática muito mais alargada que aquela que os nossos Media lhe conferiram. O público perdeu, assim, não somente uma reunião de excelência sobre temas pertinentes ao espaço global, como também um conhecimento próprio do quando partes retalhadas do seu território estão, neste momento, a ser inadvertidamente preteridas para a causa internacional. O ganho não deixa de ser nosso! Mas a conquista poderia ser muito maior.
Num mundo que vive do momento
quinta-feira, 24 de julho de 2008
o outro lado dos jogos olímpicos
Report: Beijing bars told to ban black people during Olympics
by Dedric Lam
Bar owners near the Workers' Stadium in central Beijing say they have been forced by Public Security Bureau officials to sign pledges agreeing not to let black people enter their premises."Uniformed Public Security Bureau officers came into the bar recently and told me not to serve black people or Mongolians," said the co-owner of a western-style bar, who asked not to be named.
We checked twice just to make sure: This story comes from the SCMP and not The Onion ... in 2008 ... as the world awaits the ultra-harmonious "One World, One Dream" Olympics. Did you hear that? That was the sound of our jaw dropping.
But something about this report doesn't gel. Could this possibly be true? Could it possibly be enforced? Given the strong national ties that China has built with African nations in the last two years coupled with the fact that many Olympic athletes (and their families) hail from African descent — not to mention that such a policy would be despicable and horrendous PR for a country looking to improve its image — it sounds like, perhaps, some racist in the Beijing government went out on his own on this one.
We hope strong denials from Beijing are in the works.
Will Kobe Bryant (pictured) be barred from enjoying a celebratory drink in Beijing?
sexta-feira, 11 de julho de 2008
esboços
“ O que pensavas? Que olhamos para a frente e esquecemos o que fomos para dar lugar a outra imagem, a outra pessoa? Fi-lo durante tanto tempo que quase me esqueci do que me fazia viver, do que me dava alento para estar aqui, nesta terra. Quando olhava para mim, naquelas noites sem fim, frente a um espelho imundo e rachado, não via a pessoa que era mas o reflexo do que queria ser. Negava, negava-me com todas as forças que Deus ou o demónio me davam para ter coragem de prosseguir. Ter o que nunca tinha tido, conhecer o que nunca tinha conhecido. Mas quanto mais caminhava para lá das fronteiras do que eu imaginava, quanto mais fiel procurava ser aos meus intentos, mais me apercebia que havia, sempre, uma força que me puxava para trás. Eternamente, sempre, para trás. E essa força eras tu! A tua imagem à porta de nossa casa, despedindo-te de mim com um até logo de esperança e não com um certo adeus. Tu, nas tuas tranças de criança, os olhos a brilhar e o coração cheio de sonhos, de expectativas. Foste tu que me fizeste voltar. Essa pessoa que vive aí dentro, que eu amei toda a vida e que continuo a amar com tanta paixão como a que tenho pelo que sou e pelo que possuo. Eu voltei para trás para te encontrar, para te levar comigo numa viagem que nos pertencerá aos dois. Porque, ao voltar, eu tornei a ser eu mesmo, voltei a encontrar a minha identidade. Esperei que nunca tivesses abandonado a tua. Eras a mais forte de nós os dois.”
no fim
Dias de despedida
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Contos da madrugada - Intentos
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Constatações a três vozes
São três, as senhoras, donas daquela beleza sem dono que transforma quer o mundo quer os homens. Esvoaçam na sua candura alva e envolvente pela mente dos poetas, esses seres incógnitos e meio doidos que nada mais fazem que dissertar sobre o seu egocêntrico estado de alma. Sem elas, eles nada são. Sem elas, não sabem se não lamentar-se. Sem elas falam muito pouco além de si próprios.
Noutros tempos contemplei as musas com a ignorância de quem julga conhecê-las. Elas observaram-me a mim, deram-me pousio, acolheram-me no seu conforto, na suas hostes de embriaguez pessoal, no seu leito do íntimo sadio. Depois fugiram-me. Como fogem sempre daqueles que as amam. Hoje são como espelho rachado, desperdiçado na prateleira poeirenta de outros poetas.
E eu. Aqui sozinha...
quarta-feira, 25 de junho de 2008
a outros estios
é de mim que tenho medo
a pena quando passada
é memória
nunca segredo
Dos dias que não falo nem escuto nada
guardo o sol
momentos de alegria
ao mundo quando descoberto
é caixa
para sempre vazia
Os homens
seres bestiais
partem o mundo em duas caras
Nunca podemos desconfiar
quando a terceira nos bate à porta
A derrota é certeira
a crença nunca sagaz
a gentileza passageira
revela os murmúrios que subjaz
O dia cai
a vida cresce
a noite chega
a esperança perece...
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Epílogo
Antes de iniciar o luto pela moral que, por estes dias, vai andar bem lá no fundo do poço, uma pequena advertência: a bola é redonda, tanto dá para o nosso lado como para o dos outros! Se não foi desta, fica para a próxima. Pelo menos este ano a esperança ficou nos quartos de final. A sensação é bem pior quando é mesmo no último jogo que ela morre! Por tudo isto, uma salva de palmas! Desta vez, sempre jogámos a valer, com bastante fúria inclusive, e fez-se o que se podia ter feito naquele momento, naquelas condições. Há-de chegar o dia em que vamos ganhar. Pode é não ser nos tempos mais próximos!
Um adeus também para o senhor Scolari, que a brincar aos santos e a puxar pelo nacionalismo , a bandeirinha na janela, lá fez mais por Portugal que alguns políticos. Subiu a moral, fez viver o espírito. Que tenha muita sorte, muitas vitórias, em terras do Norte. Se ele se queixava da comunicação social portuguesa, agora é que vai sofrê-las! Ah não senhor, não vai ser pêra doce! Quem está habituado ao sol e a alguma compostura, vai ter problemas em dançar à chuva. Que tenha prudência, é o que se lhe deseja! Sempre lhe devemos um segundo e um quarto lugar! Para quem mal passava dos oitavos é bastante bom.
Foi-se o jogo, ficaram os amigos. Daqui por dois anos é o mundial. Talvez dê para contar outra história...
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Contos da Madrugada - Regressos
Desiludido, palmilhou quilómetros de solidão exasperada, talvez sonhando, talvez acreditando, que o seu anjo pecaminoso lhe tornaria as braços, lhe revelaria estranhos enredos, estranhas paixões. Ele - só ele - que construíra naqueles anos o reencontro mais apaixonado desde o findar do último século. Todo o cenário estaria montado! A luz da tarde incidindo sobre a pele morena de Clementina, aquele vestido verde carmim que ela usava em adolescente na primavera, os seus olhos de fera bem abertos, certos dos momentos de idolatria que lhe haviam sido prestados naquela ausência. O ar pesado e quente de um entardecer de verão, a rua vazia, desnuda dos animais de feira e do cheiro a esterco destinado às plantações, as janelas de torno branco e cortinas semi erguidas, véus de mulatas ansiosas pelo prenúncio de uma tempestade humana. O assobio dos pássaros da época em sinfonia beethoveniana, tão completa, tão estrondosa, que faria o chão tremer mal dois olhares de saudade se cruzassem.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
quarta-feira, 11 de junho de 2008
sábado, 7 de junho de 2008
Prefácio
Um pouco de esperança - ainda que as possibilidades de vitória não sejam por aí além - nunca fez mal a ninguém. Se nos restar uma desilusão como a de há quatro anos, não terá sido mau de todo. Antes ir coleccionado vices - vitórias que o último lugar nas tabelas. Não vou gritar por Portugal a plenos pulmões, exultando como uma louca o poder da nossa selecção, mas vou vibrar com esperança nos jogos da selecção portuguesa.
De parte fica a irritação por os nossos Media parecerem ver no Cristiano Ronaldo a salvação da nossa alma moribunda. Se o pobre do rapaz calha a estar num dia mau, lá se vai todo o espírito do jogo. Para não falar do ambiente pouco justo para o resto dos jogadores que também fazem o seu trabalho, também lutam pela vitória e que poucos parecem recordar quando é a altura de dar os vivas. Não queiramos - como é costume na história portuguesa - ser governados por um único herói, um dom Sebastião de calções e a fazer piruetas com a bola! Está na altura de nos vermos como um povo, um colectivo, onde cada um faz o que pode pelo bem de todos. Talvez nesse dia ganhemos efectivamente alguma coisa.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Ponto de Exclamação
Lince-ibérico vai ter casa no Algarve06.
O felino mais ameaçado do mundo vai ter casa no Algarve. Esta tarde foi lançada a primeira pedra do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince Ibérico, na Herdade das Santinhas, Silves.
Hoje está “virtualmente extinta” em Portugal uma espécie que há 150 anos abrangia praticamente toda a Península Ibérica. A população mundial reduz-se a 150 indivíduos, todos em Espanha. Estes números carregam de uma “responsabilidade enorme” o centro de reprodução algarvio, que quer trazer o lince-ibérico (Lynx pardinus) de volta a Portugal, disse ao PÚBLICO Artur Ribeiro, administrador da Águas do Algarve, entidade responsável pelo centro.“Queremos ajudar a que se possa dizer que existe lince-ibérico em Portugal e não só em Espanha”, comentou, minutos antes do início da cerimónia de lançamento das obras de construção.A nova “casa” do lince tem vista para a albufeira da barragem do Arade e vai nascer na Herdade das Santinhas, com 156 hectares, como medida de compensação pela construção da barragem de Odelouca, imposta pela União Europeia. As obras deverão estar concluídas até ao final do ano e os animais poderão começar a chegar a partir do início de 2009. Um “prazo curto”, nas palavras de Artur Ribeiro. “Esta é uma obra complexa, que inclui vários edifícios, como o centro de reprodução, laboratórios, habitações, centro de quarentena, centro de coordenação e cercados”.O projecto está a ser acompanhado de perto pelo Centro espanhol de criação em cativeiro e técnicos portugueses foram a Espanha “aprender para não cometer os mesmos erros”, explicou Artur Ribeiro. Numa primeira fase, Espanha - que, no ano passado tinha 37 linces em três centros -deverá ceder a Portugal oito linces, cumprindo o programa ibérico de repovoamento, cujo protocolo foi assinado a 1 de Setembro do ano passado entre o ministro do Ambiente Francisco Nunes Correia e a então ministra do Ambiente espanhola, Cristina Narbona.O Centro na Herdade das Santinhas tem capacidade para 16 animais. “Queremos fazer trocas de linces entre os que nascem em Portugal e os que nascem em Espanha, para evitar a consanguinidade” na espécie.Os linces que serão enviados de Espanha para Portugal são aqueles que nasceram em cativeiro, que foram capturados no campo enquanto juvenis ou que estão em centros de recuperação, depois de terem sido encontrados feridos.Além deste centro de reprodução será construído um centro de divulgação ao público, com ligações em directo, através das câmaras de vigilância, à “casa do lince”. Mas este está mais atrasado. “Ainda estamos a preparar o lançamento do concurso de concepção e construção”, adiantou Artur Ribeiro.Para Tito Rosa, presidente do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), “este centro é fundamental”, um “investimento importantíssimo, basilar”. “Acreditamos seriamente que é possível reverter a situação” da extinção virtual do lince em Portugal. Mas o centro de reprodução não é o único trunfo. Tito Rosa lembrou também a recuperação dos habitats e presas naturais para a futura reintrodução da espécie em estado selvagem.
terça-feira, 3 de junho de 2008
retalhos
assim como conta a madrugada
a esperança,
ainda que não se pressinta,
nunca faz parte de uma história passada
Por isso aqueles dias que correm
sem ter bem a certeza daquilo que são
conto-os aos primeiros toques da madrugada
fazem parte dos meus sonhos
dos atalhos da recordação
O meu amor pelas pequenas coisas
não faz de mim obstinada
apenas me diz,
sem remorsos,
que sou mais que aquela moça
por todos esquecida
e por todos esperada
Ode a Nix
Chegou a Primavera! Parece anúncio de campanha publicitária a uma qualquer marca de roupa, mas a Primavera – é um facto – não vende só matéria, vende também ideias, conceitos. Quem se aproximar por estes dias do Jardim Botânico de Coimbra não terá que desembolsar os habituais euros (como é prática corrente na maioria das visitas culturais desta cidade), mas deverá abrir a mente. Quem não for entendido, que reabra o espírito! Chegada a Primavera, algumas coisas são mesmo o que parecem ser…
O primeiro olhar desperta o eterno paradoxo do natural versus o material, o belo versus o feio, o elegante versus o rude, a obra humana, fria, crua, opaca, e a obra de Deus, quente, multiforme, perfeita. Mas porque não partir por esse caminho? O desfilar das peças de Rui Chafes (escultor lisboeta cuja inspiração artística advém do romantismo alemão) pela avenida central do Botânico não se confunde, não se mistura, muito menos pode passar anónimo aos olhares dos estudantes que, de pasta debaixo do braço, se perguntam por que mãos – do céu ou da terra – aquelas esculturas em aço, a sucumbirem, elas próprias, aos ditames da natureza, vieram aterrar (ou pairar, consoante os casos) na paisagem primaveril daquele jardim de Coimbra. Uma ou outra são, inclusive, vítimas da rebeldia juvenil, onde redes que suspendem esferas com adornos de fogo fazem as vezes de cestos de basquete a vários tipos de embalagens de refrigerantes.
A exposição tem por título A mesma origem nocturna. A placa que lhe serve de legenda afirma que o Romantismo de Chafes só poderia encontrar paralelo ao Racionalismo do Botânico. O marquês, provavelmente, não acharia piada a tais modernices! Imaginá-lo passeando por entre obras que fazem o reflexo da arte contemporânea, que buscam as imagens de estranhos objectos de guerra, alguns até de tortura, é vê-lo subir ao palanque da forca para cumprimentar a Senhora Távora. Tem a sua piada, o seu glamour, uma estranha inclusão de sentido, ainda que desconexo, mas continuamos a assistir ao rebaixar do mais nobre perante o poder do mais forte.
De nocturno há a sensação do retorno aos Génesis, a criação divina que se rompe do negro vazio e a obra humana criada para os mais obscuros fins. O jardim e a escultura, então, completam-se! Já não são elementos conjugados no mesmo espaço por um estranho acaso do destino, mas obras moldadas nas mesmas malhas incógnitas, frutos de enigmas que a humanidade transporta, de que é filha, costela deslocada do corpo, mas cujo verdadeiro sentido, primeiro objectivo, ainda hoje desconhece. Como justificar uma flor, o coaxar de uma rã na fonte coberta de lodo, os líquenes que se incrustam no aço, o quente calor da tarde que sufoca e traz a Abril a Primavera? Como explicar a suspensão das esferas, que parecem em breve cair sobre nós como balas de canhão, a base metálica malhada de uma espécie de maca tanatológica ou um tripé de vários metros a recordar um estranho engenho de batalha? Quem compreende o tempo, que passa por nós como flecha, que nos levou a sonhar, a criar, a conceber todo um mundo que se suporta destruindo a natureza? Todos nos surgem eternamente presentes, não lhes podemos negar a nossa inteligência, mas nem um nos pode fazer entender a sua criação.
As peças de Chafes e o Botânico parecem assim partilhar a mesma origem, ainda que não pertençam à mesma matéria. Uma ode a Nix, deusa grega da noite, irmã do Caos, mãe da Morte, dos Sonhos. Forma algo simples de dizer que, apesar das dúvidas, todos sabemos quem somos e o que queremos, mas não de onde vimos nem para onde vamos. Entre o racional e o romântico permanece a incerteza da existência, as suas dualidades, as suas incoerências. Por muito diferentes que sejamos, no fundo, todos possuímos a mesma essência!
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Trancada
vejo laranjeiras,
beijos do amanhecer,
pertencem à vida que deixo
que bem de perto
quis ver-me nascer
nascer naquele lago
de algas
que tanto nos banha
como afoga.
sensação de desforra
pela benesse pretendida.
primeiro momento de desassossego
de um caminho
que agora arroga
que acusa
e se interroga
na possibilidade do não ser...
fechar a janela não é solução!
muito menos escondê-la!
faz parte dos dias que escolhi
e é nela que escondo
todos os meus profundos
e mais obscuros
momentos
amanhã,
bem cedo,
tranco a porta desse quarto.
Nascer, por nascimento,
este é o dia em que,
mais uma vez,
o faço!
ou tenho que fazer...