“ O que pensavas? Que olhamos para a frente e esquecemos o que fomos para dar lugar a outra imagem, a outra pessoa? Fi-lo durante tanto tempo que quase me esqueci do que me fazia viver, do que me dava alento para estar aqui, nesta terra. Quando olhava para mim, naquelas noites sem fim, frente a um espelho imundo e rachado, não via a pessoa que era mas o reflexo do que queria ser. Negava, negava-me com todas as forças que Deus ou o demónio me davam para ter coragem de prosseguir. Ter o que nunca tinha tido, conhecer o que nunca tinha conhecido. Mas quanto mais caminhava para lá das fronteiras do que eu imaginava, quanto mais fiel procurava ser aos meus intentos, mais me apercebia que havia, sempre, uma força que me puxava para trás. Eternamente, sempre, para trás. E essa força eras tu! A tua imagem à porta de nossa casa, despedindo-te de mim com um até logo de esperança e não com um certo adeus. Tu, nas tuas tranças de criança, os olhos a brilhar e o coração cheio de sonhos, de expectativas. Foste tu que me fizeste voltar. Essa pessoa que vive aí dentro, que eu amei toda a vida e que continuo a amar com tanta paixão como a que tenho pelo que sou e pelo que possuo. Eu voltei para trás para te encontrar, para te levar comigo numa viagem que nos pertencerá aos dois. Porque, ao voltar, eu tornei a ser eu mesmo, voltei a encontrar a minha identidade. Esperei que nunca tivesses abandonado a tua. Eras a mais forte de nós os dois.”
sexta-feira, 11 de julho de 2008
esboços
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