em certo sentido
aquilo que vejo
é rosto fiel da minha verdade;
ora descubro ora prevejo
que mais que o meu mundo
procuro a realidade
de vez em vez, de dia em dia
a mente não recupera do que a alma persegue,
ora me escuta ora teme
que a ambição maldita,
que alguns erguem,
não passa de taça perdida
daqueles que por mim agem
de dentro,
lá bem do fundo,
nada do que sou tem significado,
de mim para mim um beijo
de ti para ti sorriso vago,
pequenos detalhes de uma existência conjunta
que mais que o nome
procura,
defunta,
meus tesouros de certos momentos
arredada a soberba e a falcidade
em mim decai
desalenta
a minha própria precariedade;
nada do que sou me satisfaz
ou procria certa astúcia
que em viril fervor de força bruta
errei por errar
soltando bandeira alheia,
sendo em um segundo
uma vida inteira
e agora,
que faço?
percorro caminhos mil
e de milhentas performances
tracei expressões de vã glória
e de vã actuação,
resguardei gritos abruptos
de caprichosa convulsão,
perdi depois tais atributos
que Deus me concedeu
em união
ainda hoje prevejo
que na honestidade não fui herdeira,
virgem de branco e santidade temerária,
aos outros confesso
a imagem por mim traçada
lá no fundo sou o espelho
de uma alma penada
lá possuo tudo
daqui não tenho nada
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