Lince-ibérico vai ter casa no Algarve06.
in Público
06.2008
Helena Geraldes
O felino mais ameaçado do mundo vai ter casa no Algarve. Esta tarde foi lançada a primeira pedra do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince Ibérico, na Herdade das Santinhas, Silves.
Hoje está “virtualmente extinta” em Portugal uma espécie que há 150 anos abrangia praticamente toda a Península Ibérica. A população mundial reduz-se a 150 indivíduos, todos em Espanha. Estes números carregam de uma “responsabilidade enorme” o centro de reprodução algarvio, que quer trazer o lince-ibérico (Lynx pardinus) de volta a Portugal, disse ao PÚBLICO Artur Ribeiro, administrador da Águas do Algarve, entidade responsável pelo centro.“Queremos ajudar a que se possa dizer que existe lince-ibérico em Portugal e não só em Espanha”, comentou, minutos antes do início da cerimónia de lançamento das obras de construção.A nova “casa” do lince tem vista para a albufeira da barragem do Arade e vai nascer na Herdade das Santinhas, com 156 hectares, como medida de compensação pela construção da barragem de Odelouca, imposta pela União Europeia. As obras deverão estar concluídas até ao final do ano e os animais poderão começar a chegar a partir do início de 2009. Um “prazo curto”, nas palavras de Artur Ribeiro. “Esta é uma obra complexa, que inclui vários edifícios, como o centro de reprodução, laboratórios, habitações, centro de quarentena, centro de coordenação e cercados”.O projecto está a ser acompanhado de perto pelo Centro espanhol de criação em cativeiro e técnicos portugueses foram a Espanha “aprender para não cometer os mesmos erros”, explicou Artur Ribeiro. Numa primeira fase, Espanha - que, no ano passado tinha 37 linces em três centros -deverá ceder a Portugal oito linces, cumprindo o programa ibérico de repovoamento, cujo protocolo foi assinado a 1 de Setembro do ano passado entre o ministro do Ambiente Francisco Nunes Correia e a então ministra do Ambiente espanhola, Cristina Narbona.O Centro na Herdade das Santinhas tem capacidade para 16 animais. “Queremos fazer trocas de linces entre os que nascem em Portugal e os que nascem em Espanha, para evitar a consanguinidade” na espécie.Os linces que serão enviados de Espanha para Portugal são aqueles que nasceram em cativeiro, que foram capturados no campo enquanto juvenis ou que estão em centros de recuperação, depois de terem sido encontrados feridos.Além deste centro de reprodução será construído um centro de divulgação ao público, com ligações em directo, através das câmaras de vigilância, à “casa do lince”. Mas este está mais atrasado. “Ainda estamos a preparar o lançamento do concurso de concepção e construção”, adiantou Artur Ribeiro.Para Tito Rosa, presidente do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), “este centro é fundamental”, um “investimento importantíssimo, basilar”. “Acreditamos seriamente que é possível reverter a situação” da extinção virtual do lince em Portugal. Mas o centro de reprodução não é o único trunfo. Tito Rosa lembrou também a recuperação dos habitats e presas naturais para a futura reintrodução da espécie em estado selvagem.
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