sexta-feira, 15 de junho de 2007

Impacto Ambiental - Princípios


De quantas cores são feitas as nuvens do céu? Para mim são brancas, translúcidas, mas quantas pessoas as vêem assim? Contar histórias através de cores deve ser interessante... Quantas aventuras não poderíamos viver? Quantas recordações não poderiamos acalentar? São apenas nuvens...


Sentada sobre um tronco seco, ela olhava para o céu e questionava-se. Seria tão bom poder partilhar aquelas consierações com alguém... Alguém que, como ela, gostava de apreciar as pequenas coisas, os pequenos princípios, os pequenos detalhes do mundo e das pessoas. Mas essa pessoa, se existia, nunca se tinha encontrado com ela. Tinha ficado no seu pequeno mundo, a observar as suas pequenas coisas e a desejar que a vida lhe trouxesse alguém, também, que lhe fizesse companhia.

Existem tantas pessoas sós! Tantas pessoas que desejariam ter o outro, aquela pessoa com que pudessem compartilhar muito mais que simples desejos humanos. Partilhar sonhos, partilhar crenças, partilhar princípios e considerações. O mundo está cheio dessas pessoas! Mas a sociedade, ilusória, aparente, falsa, não coloca esta solidão no cimo das prioridades. Esta solidão é guardada para dentro, para perto de outros desejos insatisfeitos, e ali fica, sozinha como sempre, por vezes até ao fim dos dias. Nem todos têm a sorte de destruir essa solidão... Nem todos têm a sorte de conhecer o seu oposto, o seu antónimo. Ela é, simplesmente, uma daquelas coisas com que se convive, que se tem como presente, mas que, toda a gente o sabe, nunca irá desaparecer.

Uma pequena lágrima molhou-lhe o rosto redondo e pálido. Ter assim tantas crenças e estar sozinha é de uma tristeza tão grande que, por vezes, quase não se suporta. De vestido verde, pelos joelhos, sentada sobre um tronco velho e sem história, parecia ela mesma um membro daquele jardim. Não diria uma flor - ela sabia que elas flores são belas e sensíveis, arrogantes e vaidosas, não merecendo toda a atenção que lhes depositam - mas a própria árvore morta na qual descansava o corpo cansado e quente do calor de Verão. Sim, uma ávore morta! Daquelas que nos habituamos a ver mas nas quais não reparamos. Um tronco rugoso e despido de toda a vaidade que um dia transportou e exaltou-se aos que o rodeavam. Mas que, agora e para sempre, até a terra o consumir e a pó retornar, estava só e despido, sem outro adorno que não a sua consciência e a sabedoria de tantos anos a observar-se a si e aos outros.

Seria pretensão? Deveria mesmo comparar-se aquela árvore? No fundo, ainda pertencia à sociedade que tanto criticava, ainda ambicionava ser vista e reconhecida. Olhar a natureza só por olhar nada traz de novo, apenas a solidão já tão sua conhecida. No entanto, aprender a partilhar os pequenos momentos que aconchegava na alma e que possuiam uma poesia tão singular poderia permitir um crescimento interior e o nascimento de uma felicidade que ia muito além do que ambicionara. Poderia estar disposta a expor-se? Nunca tivera coragem para grandes actos de bravura. Apenas observação!

As pessoas são naturalmente estúpidas! Levantou-se e caminhou até casa. O mato espelhava tons desérticos sobre o sol quente de Julho. Muitas plantas morriam, de sede, de falta de cuidado. Um bom motor criado pelas pessoas estúpidas podia facilmente responder a esse problema. Que se lixasse o impacto ambiental!

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