quarta-feira, 27 de junho de 2007

De bicicleta

- Cuidado! - grita a pequena assustada
Da bicicleta do amigo
A prenda recém chegada.
É Natal – leva-me contigo!
Ameniza o meu Inverno.
Arrefeço…
Faz frio.
Frio que gela os pezinhos dos meninos
Amigos inseparáveis
Dois eternos destinos.

Ela assusta-se de mansinho
Mas a alegria é gritada,
Ela encosta-se,
Bem pertinho,
Do amigo que guia e trava,
Pois a viagem dos seus sonhos –
Sonhos ainda tão pequeninos –
É chegar até às estrelas
Lá ao fundo
Lá no alto
Na bicicleta tão desejada…

Não partas,
Não me deixes.
Deixei cair os ganchos
E o alfinete de ouro.
Esta infância de que recordo
Sabe a brisa de Inverno
E ao teu sorriso
Eterno
De malandro e sabichão.
Apesar de teres partido
Entreguei-te o meu coração.

E lá vão eles pelo caminho,
Ela grita e ele trava,
A saia voa um redemoinho
E já está toda desarranjada!
Mas e daí? O que interessa?
A bicicleta é nova e tem que ser usada
Porque se não brincamos em pequeninos,
A idade mais bela e graciosa,
Parte-se o vidro
Desabrocha a rosa
E, de repente,
Somos crescidos
E acabou-se a festa.

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