“Mirina, minha cara, quantas histórias te poderia contar!... Se para os outros fostes rainha, princesa, talvez mesmo Afrodite na tua beleza, para mim representaste a segurança que nunca encontrei em mais ninguém. Tinhas o rosto de uma boneca e um brilho de andarilho que eram só teus. Eras exemplar na tua candura e felicidade, mas sabias ser fiel a ti mesma e aos outros, defensora da lei, crente na justiça, amiga do servo que a ti se ajoelhava pedindo pão. Enquanto viveste soubeste ter nas tuas mãos o teu próprio destino e desdenhaste quem to quis comprar, quem to quis comandar. Riste-te na cara de mais que um pretendente, não tiveste receio de te declarar independente do mundo e nunca ninguém te conseguiu domar. Foste mãe, pai, filha, irmã, esposa e empregada. Foste tu, só tu, e o que quiseste mais ser. Apagaste do zumbido a repressão do teu nome. Amaste como uma louca o que não podias amar, viveste como poucos tudo quanto tinhas a viver. Não renegues quem és, não percas essa tua marca. Olha para ti e procura descobrir – te. És muito mais que uma mera imagem no espelho!”
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