quarta-feira, 4 de julho de 2007

Memorial às Mulheres

Não podia estar aqui se o mundo não evoluísse. Não poderia estar aqui se a mácula masculina não vacilasse e o peito sadio das que criam a vida não se manifestasse aos reis. Não poderia estar aqui se a vértebra de que fui criada não se dobrasse e constatasse que me coube a mim mais que a simples missão de procriar. Também nasci de homem e mulher, também tive minhas contas com o passado, presente e futuro, também aprendi a ser forte e a enfrentar o mundo. Também soube ler e escrever, também tive direito a criar as minhas filosofias, também dei conselhos a Aristóteles, Sócrates e Platão. Também vim, por isso, desse tal mundo das ideias e, por ele, também tenho o direito de regressar e renascer. Não me cabe a mim ficar de lado. Não me cabe a mim fechar os olhos. Não me cabe a mim ser vítima desta sociedade. Também tenho mãos, pés e memória. Também sei julgar o vigarista pelos erros que me infligiu. Está no bordado toda a matemática da vida. Está na educação toda a dedicação de um grande empreendimento. Está no sonho a capacidade de construir a obra que Deus quis. Posso não olhar o inimigo nos olhos e dizer-lhe que o enfrento sem medos! Posso não possuir músculo para levantar muitos quilos de peso! Posso não aguentar a perda sem um lágrima de comoção. Não posso recusar o papel maternal que me foi incumbido por Deus. No entanto sei que, no meio da guerra, é por mim que os homens choram e é dela, a figura a mim inerente, que eles chamam.

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