The Reader
sábado, 30 de janeiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
A melhor cena de um filme VII: Mad world
Não vou tecer grandes considerações sobre este filme pois só o vi uma vez e esta é daquelas películas que requer vários visionamentos até alguém poder dar uma opinião.
Deixo sim, aqui, a cena final, que percorre as várias personagens da história cujo protagonista, de alguma forma, marcou. Gostei muito da cena, particularmente da belíssima composição de Gary Jules que se coaduna poeticamente com os acontecimentos.
Para quem ainda não viu o filme, aconselho a que não veja esta cena.
Deixo sim, aqui, a cena final, que percorre as várias personagens da história cujo protagonista, de alguma forma, marcou. Gostei muito da cena, particularmente da belíssima composição de Gary Jules que se coaduna poeticamente com os acontecimentos.
Para quem ainda não viu o filme, aconselho a que não veja esta cena.
Marta
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Foi só uma ideia...
É o tema das últimas semanas (este e o Haiti). Os vampiros parecem ter-se tornado moda por estas bandas, com recriações mais ou menos próximas da versão americana. Nada contra a exploração do mito, sou sempre a favor de dar asas à imaginação, e até fui fiel seguidora da Buffy noutros tempos. Histórias ligadas a seres extraordinários, fossem deuses gregos ou lobisomens, sempre me fascinaram um pouco, sobretudo devido às lendas que lhes vinham associadas e as insterpretações bastante criativas que em seu torno surgiram. Mostram como um pouco de imaginação e o vínculo à realidade conseguem originar obras e narrativas excelentes, quer tenham ou não sucesso. Quando era mais nova e ia descobrindo estes pedaços mais místicos da cultura ocidental, dava-me sempre enorme gozo reescrever o seu passado, explorando as potencialidades que as personagens desses contos deixavam para o futuro. O conde Drácula, por exemplo, existiu, e se não tinha uns valentes caninos ou um look à Robert Pattison, é sabido que pelo menos possuia uns instintos bastante sanguinários.
Aguentei três temporadas de um "Sobrenatural" que considero ser dono de um argumento bastante fraco pelo simples facto de os mitos e as lendas que exploram me interessarem e, por fim, a quarta série lá me surpreendeu. De uma forma geral, reavivam o interesse sobre velhos contos e tradições populares, que podem nem ser nada de extrordinário mas dizem bastante sobre quem somos e de onde vimos, a massa de que fomos feitos e recordam-nos a nossa triste condição de seres mortais e limitados.
Neste momento, no entanto, está-se a atingir o grau do ridículo. Ainda engulo um "Destino Imortal" que tenta oferecer uma abordagem mais ou menos original ao mito dos vampiros. Agora levar com a mesma dose em todos os canais é um exagero completo e uma notória falta de sentido de competição. Duas séries na RTP, uma na TVI, uma na SIC, sem falar que o cinema também se tem concentrado em explorar o filão Twilight. Nada bate, no entanto, o projecto do canal 3 cujas imagens divulgadas quase fazem pensar que se trata duma paródia à "Lua Nova", com direito a todo o tipo de cópias de momentos e situações que quase se aproximam do plágio.
Enfim, é ridículo o que se passa na produção nacional. Que quisessem entrar na onda do Sobrenatural ainda se compreende. Mas há imenso por onde se explorar e, provavelmente, alcançariam melhores resultados que aqueles que esperam vir a obter. Os vampiros não são os únicos mitos que existem!!!
Lembro-me de um conto bastante interessante da Sophia de Mello Breyner que li quando era mais nova, chamado "A Floresta". Há duendes, há histórias de ladrões, há um segredo, ouro, fé, decepção e até uns requintes de romantismo. Uns ajustes aqui e ali e teriam um argumento bem mais fresco que andar constantemente a remoer no mesmo. Tinham o nome de uma escritora de gabarito, uma história com verdadeira marca nacional e - maravilha das maravilhas - até dava mesmo para meter a malta dos Morangos, uma vez que a história é direccionada aos jovens.
É mesmo necessário continuar a explorarde forma fatigante enredos estrangeiros? Enfim, foi só uma ideia...
Na república dos escravos
É o tema das últimas semanas (este e os vampiros). Não há telejornal, jornal ou emissão noticiosa que não procure lançar os últimos desenvolvimentos sobre o país mais pobre das Américas. No geral, já se revelou de tudo um pouco sobre este Estado em ruínas, que há cerca de 300 anos sobrevive a uma série de convulsões políticas, económicas e climatéricas. Julgo que a palavra correcta é mesmo essa, "sobrevive", uma vez que a nação estava praticamente dependente da ajuda internacional e da ONU. Um daqueles casos em que é realmente necessário procurar a história para conseguir compreender como um país atinge um grau tão elevado de...desgoverno e desorientação.
Não vou começar a criticar o que por lá se passa, quem ajuda mais ou quem ajuda menos, quem quer colonizar ou quem aponta a colonização, se os mantimentos saem ou não do aeroporto, se há ajuda a mais ou a menos ou mesmo se tudo isto, em grande parte, não se está a transformar numa éspecie de movimento global a favor do descanso geral. Não interessa, são assuntos que não sei comentar pela simples razão de que não estou lá, não estou a viver os factos, não estou por dentro das organizações e da cabeça das pessoas. Por muitos noticiários que veja ou notícias que leia, vou continuar sem saber o que se passa no Haiti.
Puxo assim o assunto apenas para fazer uma nota. Em vários momentos tenho reparado nos jornalistas em directo de Port-au-Prince uma certa afectação pelo desprezo geral da população em relação aos vizinhos enterrados nos escombros, salientando o "cada um por si". O país é um dos mais pobres do mundo, neste momento não possui quaisquer estruturas governativas e de apoio social, no ano passado foi atingido por uns três tufões, se não me engano, e a população parece resistir tantos dias à fome pura e simplesmente porque já estão habituados a ela. De certo que não é essa a mensagem que os repórteres querem passar, mas para quem assiste e possui menos estudos e uma compreensão mais limitada daquelas realidades fica a sensação, citando a ideia de uma conversa num circuito mais familiar, de que é tudo "uma cambada de índios e selvagens".
Tenha-se calma nas palavras e nos julgamentos. Quem passa fome e não sabe onde irá dormir, por certo não estará interessada em arranjar outra pessoa, sobretudo desconhecida, que lhe tire os sustento. Temos todos um forte sentimento solidário pelas vítimas do Haiti e ficamos chocados com as suas condições de miséria, mas todos os dias desligamos a televisão, fechamos o jornal e vamos dormir de barriga cheia.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Nine ou Fellini 8 1/2
Filme "Muito Bom", nesta espectacular transposição do espectáculo da Brodway do filme de Fellini, por Rob Marshall.
Para mim: um enaltecimento dos valores tradicionais católicos, onde o realizador italiano "Maestro" Guido Contini, se encontra atravessado por uma crise de inspiração, causado, essencialmente, pelo estilo de vida boémio e dissoluto vivido pelo personagem, em contraste com os valores e princípios pelos quais foi criado.
Uma apologia ainda ao papel da mulher, enquanto comandante dos destinos do mundo. Elas sim são a força oculta, o grande vulto por detrás dos grandes Homens.
Uma viagem entre o passado, o presente e o imaginário.
De enaltecer as músicas "Cinema Italiano", muito bem interpretado por Kate Hudson, e "Be Italian".
Daniel Day-Lewis está, como sempre, ao melhor nível. Já Marion Cotillard dá-nos toda a sua graça e elegancia numa grande representação.
No fundo, todos nós temos de olhar para o mundo pelos olhos de uma criança...
Para mim: um enaltecimento dos valores tradicionais católicos, onde o realizador italiano "Maestro" Guido Contini, se encontra atravessado por uma crise de inspiração, causado, essencialmente, pelo estilo de vida boémio e dissoluto vivido pelo personagem, em contraste com os valores e princípios pelos quais foi criado.
Uma apologia ainda ao papel da mulher, enquanto comandante dos destinos do mundo. Elas sim são a força oculta, o grande vulto por detrás dos grandes Homens.
Uma viagem entre o passado, o presente e o imaginário.
De enaltecer as músicas "Cinema Italiano", muito bem interpretado por Kate Hudson, e "Be Italian".
Daniel Day-Lewis está, como sempre, ao melhor nível. Já Marion Cotillard dá-nos toda a sua graça e elegancia numa grande representação.
No fundo, todos nós temos de olhar para o mundo pelos olhos de uma criança...
Marta
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Um ano depois
"Terminada a história, senti um calafrio que não provinha das rajadas turbulentas da Boca do Tigre. Ao lembrar-me do barqueiro isolado, perguntei a mim mesmo se não seria uma mulher que outrora fora muito linda e possuíra todas as vantagens da sorte e que agora, podre e andrajosa, remava contemplando o barco a vogar num mundo para sempre interdito para ela..."
in Nam Van - Contos de Macau
"A Desforra de um China-rico"
Henrique de Senna Fernandes
Descubra as diferenças III- Salaam
As novelas da Globo sempre tentaram dar um tom de universalidade ao temas que tratam, tanto devido à magnitude da distribuição desta forma de ficção, como método nacional de difundir cultura.
Glória Perez tornou-se, assim, na rainha da divulgação da multiculturalidade, desde a temática cigana, muçulmana até à indiana.
Bollywood é, literalmente, uma indústria em potência, superior a Hollywood. Estrelas como Amitab Bachan ou Arishwarya Rai são tratados como semi-deuses, o que se deve tanto à dimensão do país como ao nível sócio-económico da maioria de população.
Mas há qualquer coisa nestas produções que não me consegue conquistar. Talvez seja o nível da ostentação, talvez os números musicais tipo karaoke, talvez o facto de não estar habituada...
Há pouco tempo, passava na sic, a novela "Caminho das Índias", que retratava, de maneira, digo eu, algo estereotipada, a cultura indiana. Ao vermos os vídeos bollywodescos das músicas presentes na novela, não conseguimos deixar de achar que a autora limitou-se a transpor o que viu nas películas para o guião.
Talvez não. Talvez seja eu que já não aprecie as novelas como antigamente. De qualquer modo, descubram as diferenças...
Glória Perez tornou-se, assim, na rainha da divulgação da multiculturalidade, desde a temática cigana, muçulmana até à indiana.
Bollywood é, literalmente, uma indústria em potência, superior a Hollywood. Estrelas como Amitab Bachan ou Arishwarya Rai são tratados como semi-deuses, o que se deve tanto à dimensão do país como ao nível sócio-económico da maioria de população.
Mas há qualquer coisa nestas produções que não me consegue conquistar. Talvez seja o nível da ostentação, talvez os números musicais tipo karaoke, talvez o facto de não estar habituada...
Há pouco tempo, passava na sic, a novela "Caminho das Índias", que retratava, de maneira, digo eu, algo estereotipada, a cultura indiana. Ao vermos os vídeos bollywodescos das músicas presentes na novela, não conseguimos deixar de achar que a autora limitou-se a transpor o que viu nas películas para o guião.
Talvez não. Talvez seja eu que já não aprecie as novelas como antigamente. De qualquer modo, descubram as diferenças...
Marta
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Ferro em Brasa
Quando estava em Macau e passava pela Tyffany's & Co lembrava-me frequentemente da película que marcou a carreira de Audrey Hepburn. O mesmo sucedia num restaurante lá da terra, onde a mítica imagem da boneca de luxo me acompanhava as refeições. Não se trata aqui sequer de possuir uma predilecção especial pelo filme, nem é esse o caso. A película obedece ao efeito para o qual foi construída - o de entreter - e vale pela fotografia e pela imagem icónica que ficará para sempre associada a Hepburn e ao mundo da moda. O argumento tem as suas luzes, mas não deixa de ser um tanto pobre, especialmente para quem leu a narrativa de Truman Capote. E mesmo à nossa cara Audrey, faltou bastante da intensidade de Holly Golightly. Culpemos a censura americana da época sobre a sétma arte, culpemos o guião ou culpemos o realizador, o resultado está à vista e, bem, cada um tem a sua opinião.
Quando se está num outro país, lost in translation, existe a tendência, pelo menos à partida, de procurar referência culturais. No meu caso, havia a Audrey, a Tiffanys e certos remates de um argumento que sempre considerei pobre, mas que me vinham com mais frequência do que supunha à memória. Talvez por isso tenha procurado com alguma avidez o romance original, por forma a colocar um ponto final num dilema de consciência.
Falemos então antes de Truman Capote. O senhor teve uma vida complicada, como o cinema tem sabido dar a conhecer nos últimos anos, e em certa medida compreende-se o seu triste fim. Nos génios costuma existir uma certa tendência para o suicídio, mas não entremos em pormenores mórbidos...
Gostaria de falar do Capote contador de histórias, da sua visão peculiar e irónica sobre o mundo que o rodeava e da forma magistral como o expôs na sua obra. Alguém me disse certo dia que para se escrever bem é necessário abordar os temas que compõem o nosso quotidiano. Não sei se a frase era original ou se possuia direitos de autor, mas o facto é que passo a vida a encontrá-la nos mais variados sítios. Para o bem, ou para o mal, Capote soube fazê-lo e é essa dimensão familiar que coloca em cada uma das palavras que escreve que tornam as suas narrativas tão intensas, escorreitas e tentadoramente saborosas.
Os livros que tendo a colocar na prateleira da predilecção costumam ser o resultado de um entendimento mútuo, uma espécie de pacto póstumo entre a leitora e o autor. E apesar de décadas, estatuto, educação, género e vidas completamente diferentes, tenho conseguido conversar com o Truman em mais de uma ocasião. Porque as pessoas não são tanto o que mostram mas as acções que praticam, os testemunhos que deixam ou as obras que criam, consigo acreditar que talvez um pequeno-almoço pela madrugada frente à montra perfeita do que nunca poderemos ter, produza os seus efeitos. A Holly não será um grande exemplo, mas tinha lá as suas razões...
"Sou constantemente assaltado por memórias de sítios onde vivi, as casas e os bairros".
E não é que tem razão?
A escada de pedra que Quental também conheceu...
O corredor vazio e desarmado no fim de um tempo de luta...
Uma paixão e um desejo, em frames que ainda escrevem histórias...
Um circulo de sorrisos que se perderá na eternidade...
15 minutos de pausa na Las Vegas do Oriente para deixar o hino tocar...
Um sofá, um caneta e um livro, de personagens que nunca chegaremos a conhecer...
Talvez a Holly tivesse a sua razão.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
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