segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Foi só uma ideia...

É o tema das últimas semanas (este e o Haiti). Os vampiros parecem ter-se tornado moda por estas bandas, com recriações mais ou menos próximas da versão americana. Nada contra a exploração do mito, sou sempre a favor de dar asas à imaginação, e até fui fiel seguidora da Buffy noutros tempos. Histórias ligadas a seres extraordinários, fossem deuses gregos ou lobisomens, sempre me fascinaram um pouco, sobretudo devido às lendas que lhes vinham associadas e as insterpretações bastante criativas que em seu torno surgiram. Mostram como um pouco de imaginação e o vínculo à realidade conseguem originar obras e narrativas excelentes, quer tenham ou não sucesso. Quando era mais nova e ia descobrindo estes pedaços mais místicos da cultura ocidental, dava-me sempre enorme gozo reescrever o seu passado, explorando as potencialidades que as personagens desses contos deixavam para o futuro. O conde Drácula, por exemplo, existiu, e se não tinha uns valentes caninos ou um look à Robert Pattison, é sabido que pelo menos possuia uns instintos bastante sanguinários.
Aguentei três temporadas de um "Sobrenatural" que considero ser dono de um argumento bastante fraco pelo simples facto de os mitos e as lendas que exploram me interessarem e, por fim, a quarta série lá me surpreendeu. De uma forma geral, reavivam o interesse sobre velhos contos e tradições populares, que podem nem ser nada de extrordinário mas dizem bastante sobre quem somos e de onde vimos, a massa de que fomos feitos e recordam-nos a nossa triste condição de seres mortais e limitados.
Neste momento, no entanto, está-se a atingir o grau do ridículo. Ainda engulo um "Destino Imortal" que tenta oferecer uma abordagem mais ou menos original ao mito dos vampiros. Agora levar com a mesma dose em todos os canais é um exagero completo e uma notória falta de sentido de competição. Duas séries na RTP, uma na TVI, uma na SIC, sem falar que o cinema também se tem concentrado em explorar o filão Twilight. Nada bate, no entanto, o projecto do canal 3 cujas imagens divulgadas quase fazem pensar que se trata duma paródia à "Lua Nova", com direito a todo o tipo de cópias de momentos e situações que quase se aproximam do plágio.
Enfim, é ridículo o que se passa na produção nacional. Que quisessem entrar na onda do Sobrenatural ainda se compreende. Mas há imenso por onde se explorar e, provavelmente, alcançariam melhores resultados que aqueles que esperam vir a obter. Os vampiros não são os únicos mitos que existem!!!
Lembro-me de um conto bastante interessante da Sophia de Mello Breyner que li quando era mais nova, chamado "A Floresta". Há duendes, há histórias de ladrões, há um segredo, ouro, fé, decepção e até uns requintes de romantismo. Uns ajustes aqui e ali e teriam um argumento bem mais fresco que andar constantemente a remoer no mesmo. Tinham o nome de uma escritora de gabarito, uma história com verdadeira marca nacional e - maravilha das maravilhas - até dava mesmo para meter a malta dos Morangos, uma vez que a história é direccionada aos jovens.
É mesmo necessário continuar a explorarde forma fatigante enredos estrangeiros? Enfim, foi só uma ideia...

6 comentários:

Roberto Simões disse...

Se dá audiências e audiências dão dinheiro, why not? Só vê quem quer, não é.

Por acaso sou alheio ao fenómeno e já tinha notado que os canais generalistas andam com falta de imaginação. O que não é novidade.

Enfim, deixa-os andar que cada um de nós segue a sua estrada ;)

Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema

Holly disse...

Um pouco por aí, sim. Até simpatizei com o Crepúsculo, mas confesso que me irrita um pouco esta exploração. Mas, realmente, só vê quem quer.

Cristiano Contreiras disse...

Na verdade, o que mais me cansa é essa overdose Crepusculiana, sabe? em todo canto há dvds a venda, livros, revistas, agendas com Robert Patt na capa, etc etc

tudo gera um produto de consumo e só?
e só!

abraço

Holly disse...

Obrigada pela visita :) Sim, é por aí. Como disse ao Roberto, simpatizo com os filmes, mas há limites à paciência...

Roberto Simões disse...

A respeito da questão sobre o sucesso de AVATAR deixada no CINEROAD (e que só não aceitei porque estava na ficha d'O BOM, O MAU E O VILÃO)...

"Alguém me esclareça uma coisa. Sendo o Avatar o mais rentável, é o mesmo que dizer o mais visto de sempre? É que rentável e mais visto não quer dizer necessariamente o mesmo..."

Não, não é a mesma coisa.

Ser o mais rentável prende-se com os lucros que uma produção tem.

Ser o mais visto significa que houve um recorde no número de espectadores.

Ambas as variáveis não dão as mãos necessariamente.

Até agora, AVATAR é o filme mais rentável porque na História do Cinema nenhum outro filme valeu tantos dólares.*

No entanto, AVATAR não é, até agora, o filme com mais espectadores.

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*Agora há um aspecto muito importante a ter em conta no que se refere a rendimentos. É que ao contrário do número de espectadores,

que vale o mesmo seja em que tempo ou época for (ou seja, 1000 espectadores hoje é o mesmo que 1000 espectadores em 1997, por exemplo),

os lucros já não valem o mesmo em 2009 do que em 1997, por exemplo, dada a existência de um factor: a inflação. O valor do dinheiro não é o mesmo. 1 dólar não vale hoje o mesmo que valia em 1997, por exemplo.
Podemos dizer, por isso, que AVATAR é o filme mais rentável de sempre porque isso significa que transcendeu as metas de TITANIC. Mas tal declaração não é absolutamente verdadeira, dada a inflação. E quando fazemos a tal declaração e quisermos ser consistentes na argumentação, temos que ter sempre o factor inflação em mente.

Aconselho-te a propósito (não sei se já conheces) o artigo que a Catarina, do Close-Up, postou:
http://close-up.blogs.sapo.pt/142189.html

Certamente é um artigo que te ajudará a redimir algumas dúvidas eventuais.

Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema

claudiagameiro disse...

Lol obrigada pela explicação :) Deixei o comentário naquele post por ser o último do blogue. A razão pela qual perguntei prende-se ao facto de ter pensado exactamente no que acabas de explicar. Sabia que o Titanic era o mais visto de sempre e, de repente, parece que o Avatar o ultrapassa em tudo e ninguém se dá ao trabalho de explicar este pormenores. Dilema resolvido!