"...a falta das luzes, o impacto cromático na negridão de uma noite sem estrelas. Recordo a torre em forma de lótus, uma monstruosidade arquitectónica que aprendi a apreciar. A praça, o largo, a Sé, a calçada. O MacDonalds às 2 da manhã na Rua do Campo e o sunday, de chocolate, que me lembrava a globalidade. Os dourados, o fausto, o busto de sua excelência, as gôndolas, as lojas de marca, as joalharias, os corredores infindáveis de uma Veneza sem Carnaval. Encontro-me nas noites de insónia com o colega de casa, nas conversas existencialistas, filosóficas e políticas, ouvindo e semi-vendo a desventuras da Mariete e do Godunha ou as histórias eternas do Conta-me como foi. Corria o rio das Pérolas e ao longe a torre lembrava das Américas sem enredos e bandas-sonoras. E eu deitada na cama, sobre aquela meia lua de medos, chorando por uma memória que já não contava histórias, nem poemas, nem sonhos..."
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