sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A Norte a chuva parou (e)

Largou a rapariga. Que faria Norberto? Imune às revoluções e sendo afectado por elas. Imajinemos que a mulher descobria os seus segredos, as suas mentiras, e o obrigava a tomar determinado tipo de decisões. Que faria ele? Deixar-se-ia estar, sem contestar, certo de que nada do que fizesse alteraria o rumo dos acontecimentos. Daqueles que acreditam que tudo está trassado e de nada vale lutar contra a sorte. A mulher gritaria, mas não sairia de casa. Obriga-lo-ia a sair. Ele deixar-se-ia estar, sem prestra atenção áqueles desejos mais que justificados, áquelas súplicas de mulher traida e ferida. Coisas da vida!


Mas e se a revolução entra-se dentro dele? Que faria? Seria obrigado, contra toda a sua vontade, a alterar-se, talvez mesmo a transformar-se, e a pensar por si. Teria que ser responsável, agir como o homem que era, ciente de que as suas acções não teriam significado apenas para si mas para todos os que o rodeavam. Não seria mais a personagem secundária, seria o protagonista. Uma posição demasiado importante para ser assumida. Pelo menos por ele.


As revoluções trazem tudo o que de bom e de mau as pessoas possuem. Existem os crentes, fiéis aos ideais traçados, mas esuqecem-se que também existem os revolucionários, que transportam a revolução no seu pesado caminho. Estes últimos não têm ideias tão bem traçados, são muitas vezes pobres diabos arrebatados por paixões avassaladoras que preenchem por completo o vazio das suas vidas inócuas. Procuram o confronto sem ser necessário, encontram guerra onde poderia estar a paz. Recusam-se a aceitar que a revolução não é eterna porque bebem dela a seiva da sua juventude, da sua alma imortal, o sentido que dão à sua existência. As revoluções nunca são, assim boas. Apenas para aqueles que têm fé.


Era assim que ela pensava. Para quê pactuar quando toda a rede já foi montade? A Norte a chuva parou, mas no sul as primeiras gotas compunham melodias nos vidros das janelas. Tlim...Tlim... O anunciar de tempos de uma nova inspiração.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Ao fim do dia...

Quero ver-te

Fazes parte de mim

Quero entender-te

Como me entendes a mim

Quero encontrar-te

e sei que o farei

Mas não sei como encarar-te

Olhar-te nos olhos

E confessar-te

a minha vergonha


Anjos do céu

a quem apelo

O mundo que vejo

não me pertence

Sou pessoa do presente

nunca do passado

Mas como esquecer

O tempo perdido

o rosto sofrido

e as mãos em sangue


Senhor, meu Deus

que conselho me dás?

Sou dono de mim

ou fruto de Santanás?

Será que tenho alma

Será que tenho amor

Pertenço aos que me rodeiam

ou à sombra do rancor?


Rezando nada consigo

mas continuo a rezar

por muito que estejas comigo

Um dia

sei-o

deixarei de sonhar

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

ele

Querendo acabá-lo. Não sei como fazê-lo. Uma linha contínua entre o que sou e o que faço impede-o.