quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Do contra

lágrimas

tenho vontade de as ter

um sufoco

que não consigo

controlar

quero

recuperar tudo o que não tenho

saber

quando é possivel voltar


sofro

numa inconfidência exigente

planeio

conspirações que não são minhas

aparento

uma pessoa sem rodeios

sou

uma menina sem iniciativas


depois

de tudo quanto pensei

acredito

que nunca ocuparei o mundo

sei

que a vida que não tenho

faz parte

do que conquistei no meu mundo


perder os medos e os louvores

ser senhora de mim e das minhas escolhas

olhar

sem baixar a cabeça as opressores

e ter

muito mais por que lutar


sou marinheira de um navio

que não sei navegar

Folhas Caídas


Queria ter com quem partilhar outros tempos. Queria saber o quão importante é conhecer o pequeno sentido das coisas. Olhar o passado e com ele construir um presente lógico, racional, resultado de um crescimento e de uma sabedoria que não possuo. Queria não errar. O mundo tem muito mais beleza quando não é resultado dos erros humanos. Continuamos a possuir a nossa inocência original, continuamos a trabalhar sem as ganâncias de outros povos. É a guerra que nos macula, é o sofrimentos que nos trona cruéis. Queria poder ter-te sempre do lado para compreender sem mácula toda a magnificência das coisas. Mas, estando só, que outro caminho me resta?

Caminho pelas ruas. As pessoas passam. Contemplo casais com rostos tristes e felizes, observo crianças que brincam sem receio dos perigos que as cercam, encontro idosos de olhar cansado e paixão resignada a uma realidade que já não lhes pertence. Observo tudo isto enquanto passeio. Sinto a frescura do vento a gretar-me a pele desidratada, o cabelo em desalinho no pouco trato que lhe forneço, a roupa a cheirar ao fumo de um café onde lanchei, nas costas carrgando o peso de livros e livros que ensinam de tudo e nada. Estou só no meio de uma estrada por onde os carros não cessam de passar. Buzinam mas não travam, gritam mas não ajudam. Como reagir?

Um cachorro corre desenfreado atrás de uma bola de ping-pong, uma senhora de meia-idade carrega quatro sacos de compras, o eléctrico pára na paragem que lhe corresponde e abre as portas traseiras a uma jovem sem peito. Alguém deixou cair uma caneta no passeio.

Chegou o Outono.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Manobras na Casa Branca

Talvez por ser um escândalo, talvez por ser um acontecimento, acima de tudo, mediático, o filme Manobras na Casa Branca apresenta aquele tom jocoso, de comédia vicentina que, entre gargalhadas, nos diz a verdade. E, talvez, por se tratar de uma realidade tão sensacionalista, tão populista e, até certo ponto, decadente, o mundo cinematográfico seja chamado a participar, tão bem enquadrado em todas as manobras que os homens do presidente habilmente engendram para o libertar de uma situação embaraçosa. Criando uma guerra, criando um herói, criando, por fim, a mensagem de liberdade e igualdade que os EUA tanto gostam de difundir.
Em termos de comunicação política este filme diz imenso, mais que não seja pelo comentário hilariante de Robert de Niro: « A guerra acabou, acabei de ver na televisão!». A partir daqui uma série de verdades são desmanteladas e levadas ao extremo. A criação de uma guerra para distrair os media de um escândalo revela-se então um conceito antigo, por diversas vezes usado e com bons resultados. Uma questão de show business, criar o espectáculo, o slogan, a encenação do real, a divulgação de uma série de imagens que dão a aparência da guerra quando, no fim, apenas nos lembramos da frase: «Coragem Mãe!».
O que sabemos de facto das guerras após o surgimento da televisão? Começam com uma série de boatos ao acaso, denúncias verdadeiras ou falsas, culminado com a transmissão de explosões e prédios a desmoronar em países que pouco conhecemos e que, por tal, aprendemos a temer. É sabido que durante a primeira guerra mundial a propaganda era fortemente utilizada para motivar as tropas das trincheiras a continuarem a combater. O que mudou nos nossos dias? Olhamos simplesmente para um espectáculo mediático, o que a televisão e o cinema nos dizem, e esquecemos de questionar a veracidade dos acontecimentos e toda a lógica que está por trás deles. E quando nos preparamos para erguer o braço, tentar perceber o que de facto se passou, a emissão noticiosa já se alterou, um novo facto marca presença no espaço público e todo o resto fica resumido a uma data difusa e um slogan barato. Táctica: «change the subject, change the lead» - distrai as atenções para outro assunto e os cabeçalhos focar-se-ão nele.
O filme, de resto, começa com uma chave curiosa: «Porque é que o cão abana o rabo? Porque um cão é mais esperto que o rabo. Se o rabo fosse mais esperto, o rabo abanaria o cão». Esta lógica faz pouco sentido para quem não traduza à letra o título original do filme: Wag the Dog (abanando o cão). Daqui se depreende também uma moral interessante. Actualmente a sociedade é controlada pelos media, não podemos fugir a essa realidade! Somos o “rabo” do quarto poder. Mas até que ponto esse quarto poder, que Mário Mesquita afirma equivocado, não pode ser controlado por aqueles que julga dominar? O escândalo político afecta demasiado os políticos para eles não possuírem um plano de fuga! Até que ponto não serão então capazes de “abanar o cão”?
Para mais não é necessário ser-se credível, apenas distraí-los. O filme assenta exactamente nisso, numa distracção. Levada a contornos monumentais de modo a perdurar por quase duas semanas, mas acima de tudo um encenação, um «teaser», o osso que retira o cão do seu posto de vigia para deixar o ladrão entrar em casa. Um espectáculo, tal como a Miss América!
Mesmo que alguém de fora procure negar um facto, se surgir na televisão ele está autentificado. A sequência com a CIA é bastante exemplificativa: «Não há nenhuma guerra!; Claro que há, veja-a na TV!». Até porque...quem de facto se interessa com o presidente dos EUA? Ninguém vota! Cada um está demasiado interessado com os seus próprios problemas para se concentrar em algo tão insignificante como o governo do seu próprio país. E na sociedade da informação o que realmente interessa é a aquela que é regida pelo espectáculo. O infotainment, ainda que acima da verdade! Pois um político na democracia dos media continua a ser um produto que, para ser vendido, necessita de publicidade. A sua aceitação pela parte do público vai depender do bom ou do mau efeito da propaganda.
Dito desta forma, procurei demonstrar com segmentos do filme a mensagem que se depreende deste. Em resumo, que o mundo dos media é uma encenação, um “show” facilmente manipulável, fundado em slogans e imagens chocantes. Para esconder um escândalo tem que se ser o mais esperto, antecipar as reacções e prever as consequências. Para manobrar o público tem que se saber manobrar os media, mudar o tema antes de se aprofundar a crise e trabalhar como um canalizar: deixando tudo limpo. A democracia dos media é, afinal, «show business» e o espectáculo tem sempre de continuar...

A natureza do escândalo político


O texto que de seguida resumo pertence à obra Escândalo Político, de J. B. Thompson. Este capítulo assenta sobre uma série de perguntas: o que faz de um escândalo um escândalo político, que características possui, porque são uma fonte tão grande de preocupação para os políticos e uma ameaça tão séria na actual sociedade? Após os casos Watergate e Profumo, o escândalo político tornou-se um ponto essencial da vida política, razão pela qual deve ser estudado.

Definindo o escândalo político
Se atentarmos apenas na figura do político e esquecermos as relações e instituições sociais, podemos argumentar que um escândalo político é-o por possuir essa pessoa proeminente no centro da controvérsia. Contudo esta é uma explicação insuficiente. Markovits e Silverstein, olhando às instituições políticas, consideraram-no então o resultado da violação de um processo devido, ou seja, das regras e dos procedimentos obrigatórios ao exercício do poder.
Deste raciocínio retiraram duas conclusões! Primeiro que o Estado liberal conduz uma tensão entre a exaltação do individualismo e da liberdade pessoal e a existência de um poder mais informal e secreto, necessário na boa condução de um governo. São os tais procedimentos devidos, comportamentos obrigatórios pelos governantes para com os governados, que ajudam a aliviar essa tensão e a restringir os abusos de poder. Quando estes falham, quando alguém abrange para si mais poder do que o suposto, surge o escândalo político. É por isso que eles só existem nas democracias liberais. Segundo que nem todos os escândalos rotulados como tal são escândalos políticos, apenas sexuais ou financeiros. Terá sempre que existir um determinado abuso de poder através dos processos e procedimentos devidos.
Esta visão torna-se, no entanto, demasiado restritiva para Thompson. O autor alega que dentro do conceito aqui tratado devem estar inseridos não só os abusos de poder, como também os comportamentos ditos impróprios no âmbito financeiro e sexual. Desta forma a situação alarga-se a outros regimes que não as democracias liberais, sendo que, no entanto, é nestas que eles predominam.
Mas porque razão são as democracias liberais tão susceptíveis a escândalos? Por um lado são um campo de interesses em constante tensão, especialmente propenso a golpes partidários para derrubar os opositores. Nesta linha, a reputação é de suma importância, podendo uma mancha na carreira ditar o fim de qualquer aspiração política. Por outro lado, são estados onde os media têm uma autonomia quase total, além do que possuem interesses puramente comerciais. Outro factor de peso resulta da natureza das democracias, em que, pelo menos em tese, ninguém está acima da lei e pode ser julgado publicamente. Num regime autoritário o poder está todo centrado numa pessoa, assim qualquer ameaça de escândalo pode ter custos muito mais altos do que aqueles que alguém está disposto a pagar (morte, prisão).
Refuta-se desta forma a teoria de Markovits e Silverstein, mas como explicamos a natureza do escândalo político?

Poder simbólico e o campo político
A discussão centra-se assim em torno da definição: escândalo político é aquele que envolve pessoas e acções de um campo político e que, por tal, têm um determinado impacto nas relações desse campo. É através do campo que todo o escândalo político se desenvolve, sendo necessário portanto a sua análise.
O campo, segundo Pierre Bourdieu, é um espaço ordenado por posições sociais, definidas pelas relações que estabelecem com os recursos a si ligados. Dentro de tais campos, os indivíduos ocupam posições e usam os recursos de modo a obter determinado tipo de interesses. Em síntese, toma-se por definição que um campo político é um espaço de acção e interacção do uso do poder político (pode-se ainda falar de poder económico, coercivo e simbólico). Este poder político coordena e regula a acção do indivíduo, sendo por tal efectivo dentro de uma estrutura ordenada de instituições a que chamamos Estado. Campo político é assim um espaço regido pelas instituições do Estado.
Contudo, reger significa governar, levar alguém a obedecer. Um Estado implica sempre um grande grau de autoridade que lhe é conferido, segundo Max Weber, pelo poder coercivo e simbólico. Estes poderes são essenciais para creditar o bom exercício do poder político, sendo que o primeiro só deve ser usado em situações excepcionais. Na vida corrente, a acção do governo deve-se manifestar através de formas simbólicas, num modelo mais moderado e abstracto de actuação governativa.
Thompson define o poder simbólico como a capacidade para intervir, criar, influenciar acontecimentos e crenças através da produção e transmissão de formas simbólicas, por meio dos meios de comunicação e informação. O líder deve ser portanto detentor de um capital cultural e simbólico, ou seja, deve ter capacidade para saber lidar com estes recursos mediáticos de modo a que eles lho retribuam mostrando uma imagem de prestígio e respeitabilidade, tão cara a qualquer político. Campo político torna-se assim um campo ligado à obtenção e exercício do poder político, através do uso de vários poderes que lhe são imprescindíveis, como o simbólico.
Este campo está presente em todo o tipo de regimes governativos, sendo que no democrático parlamentar liberal encontra também um subcampo, esse constituído por todas as instituições que auxiliam o poder (parlamento, câmara de deputados, câmara dos comuns, etc). Impera uma lógica dupla: a luta interna do subcampo e a que liga esse subcampo a um campo mais amplo, o dos cidadãos. Numa ligação difusa e abstracta, os políticos que sabem manejar esta dupla lógica e utilizar o poder simbólico adquirem vantagens.
Numa nova tentativa de compreender o campo político, olha-se à sua relação com os media. Se dentro do subcampo as relações entre os seus membros continuam bastante fechadas, num plano superior o desenvolvimento dos novos meios de comunicação permitiu uma abertura nunca antes vista. Naturalmente que as relações com os cidadãos face a face ou através de carta subsistem, mas a norma assente é que as eleições, o crescimento das carreiras e a sua destruição se pautem pela divulgação televisiva e da imprensa. Aos jornalistas, até certo ponto, convém inclusive dominar esse poder simbólico, aproximando-se cada vez mais das instâncias do poder e vivendo com elas em certa harmonia ou em constante tensão. Pois quaisquer imagens ou informações transmitidas podem favorecer ou distorcer o esforço do subcampo e condicionar a relação entre o campo e o público, como no caso das pesquisas de opinião. Globalmente debatidas pelos media, elas são um instrumento essencial para aferir o grau de popularidade das políticas e dos seus políticos, servindo de material de apoio ou contestação a uma campanha.
Chegados a este ponto torna-se clara a importância do escândalo político. Os indivíduos que se inserem no campo político necessitam do poder simbólico para subsistir, manipular, acreditar, fazer acontecer, alcançar apoios dentro do subcampo e manter pelo máximo de tempo possível o poder político. Ora, esse poder simbólico está estritamente ligado a um bom capital simbólico, ou seja, o prestígio, a reputação, o respeito acumulado durante longos anos de trabalho. Os políticos ficam assim vulneráveis. Qualquer mazela no seu capital pode destruir por completo toda a sua credibilidade, quer para com o público quer para com o subcampo, e afastá-lo indefinidamente do poder que tanto ambiciona. Nas democracias liberais possuir um bom capital simbólico, uma reputação consistente, um bom-nome, é um factor de suma importância para a vitória na política, assim como do partido ao qual se pertence.
Existem dois tipos de escândalos políticos:
Escândalos localizados: surgem no subcampo político e permanecem ligados a ele (intrigas de corte nas antigas sociedades, zonas em que os media são restringidos);
Escândalos políticos mediáticos: nasceram com as democracias liberais e o crescimento e independência dos media, surgindo quando o campo e o subcampo políticos entram em embate com os meios de comunicação mediáticos (todos os escândalos actuais).
Nos dias de hoje mesmo os pequenos escândalos localizados dentro dos subcampos, se descobertos pelos media, são rapidamente transformados em grandes escândalos políticos. Assim se explica porque razão eles são tão correntes nas sociedades democráticas de cariz liberal, visto que nos regimes autoritários e repressivos, onde os media são altamente controlados, eles se mantêm a nível local. Um verdadeiro escândalo destrói por completo qualquer capital simbólico acumulado e, sem esse capital, numa sociedade como a nossa, o político jamais conseguirá o poder simbólico de que tanto precisa para alcançar o poder político.
Desta forma se compreende porque os escândalos são tão utilizados nas lutas políticas e a televisão, a imprensa, ou qualquer outro meio, tornam-se no ringue onde essa querela é disputada. É nos media também que o capital simbólico é construído, carreiras são destruídas e grandes líderes lançados. Nos media fica apostado o bom-nome, o crédito dos membros do campo político sobre a opinião pública, podendo o escândalo destruí-lo.

Por que o escândalo político é mais predominante hoje?
Escândalos políticos sempre existiram, mas porque razão, principalmente desde os anos 60, eles se tornaram tão frequentes? Existem duas respostas, mas nenhuma suficientemente convincente. Enquanto a primeira faz azo ao declínio dos padrões morais dos líderes políticos a nível pessoal e da boa condução do seu cargo, a segunda afirma a mudança crescente dos códigos que avaliam o comportamento dos chefes de governos e seus colegas (o facto dos políticos oferecerem presentes caros em campanha não é tão bem visto hoje como era antigamente).
Ambas as explicações são contestadas por Thompson. A pertinência actual do escândalo político resulta isso sim de vários factores, concretamente cinco:
A crescente visibilidade dos líderes políticos: com o desenvolvimento crescente dos media, os políticos necessitaram de estar muito mais expostos ao julgamento do público. O campo político tem-se tornado cada vez mais num campo mediático, ou seja, o político precisa da televisão para se afirmar e esta molda-o cada vez mais ao gosto dos telespectadores. Estando a sua imagem mais exposta, mais facilmente ela se torna propensa a um ataque que a possa destruir. Mesmo que o político tente manipular o media, o seu grau de imprevisibilidade é demasiado grande e o esquema pode voltar-se contra ele;
A mudança nas tecnologias de comunicação e vigilância: as novas tecnologias estão em constante desenvolvimento e tornam-se cada vez mais acessíveis, sendo difícil controlar os seus efeitos 8novos meios de espionagem);
A mudança na cultura jornalística: os casos de escândalo dos anos 60 nos EUA propiciaram o jornalismo investigativo que vem utilizando, agora sem as reservas éticas de outrora, estes novos meios de comunicação e vigilância para descobrir os segredos obscuros da política;
A mudança na cultura política: as mudanças sociais da segunda metade do século XX retiraram aos partidos tradicionais o tipo de classes que lhes davam apoio, tornando-se estes partidos catch all. Caiu a política ideológica, que deu assento à política da confiança. Os eleitores não se sentem mais seguros com as tradicionais lideranças cheias de idealismos. Pretende-se uma figura com carácter e confiança, capaz de tomar decisões sensatas na complexidade da sociedade actual. Daí que a posição em causa do seu crédito, das suas palavras, seja um escândalo. Por outro lado, com a uniformização das tendências políticas, os membros do subcampo procuram novos meios de se diferenciar pela via do melhor carácter. As falhas de uns são usadas pelos outros para se afirmarem (ex.:Jimmy Cárter, sucessor de Nixon);
A crescente regulamentação da vida política: após o Watergate, os EUA aprovaram o Ethics in Government Act, marco na regulamentação da vida política. Muitos países, após este caso, criaram legislação de modo a regular a actuação política e a prevenir escândalos. Desta forma o teste à credibilidade ganha mais interesse e os media esforçam-se mais nessa cobertura, aumentando a possibilidade de escândalo.

Culturas políticas do escândalo
Todas as características apresentadas formam a chamada cultura política do escândalo em várias das sociedades ocidentais. Por este conceito entende-se um conjunto algo confuso de regras, convenções, atitudes e expectativas que suportam a vida política e moldam as formas de interacção e comunicação presentes no campo político. O subproduto dessa cultura é, obviamente, o escândalo, não existindo portanto uma forma igual de cultura mas uma multiplicidade delas, situações que se adaptam às circunstâncias encontradas. O desenvolvimento dos media faz com que essas tais circunstâncias (tradições, memórias, convenções) se uniformizem, se internacionalizem (via CNN), mas não retira a especificidade que a cultura do escândalo assume em cada sociedade.
No mundo que conhecemos o escândalo tornou-se uma característica assente da nossa sociedade. Quem actua no campo político tem que estar predisposto para o escândalo, avaliando-se mesmo o seu factor de risco por parte dos partidos (não está em causa somente o indivíduo, mas toda a organização). Por outro lado, o público pode começar a ficar saturado dessa cultura, que desacredita não só os líderes políticos como os próprios media que insistem em transmitir o grande plano da situação. Nasce assim a exaustão do escândalo.
De uma forma geral, concluiu-se que o surgimento do escândalo político na actual sociedade é o resultado das características e convenções que a sua cultura específica assumiu. Vivemos numa democracia liberal dominada pelos media, estado mais que suficiente para criar as condições necessárias à divulgação de caos pontuais que facilmente se transformam em grandes crises governativas.