terça-feira, 12 de outubro de 2010

Angry Young Men

"I suppose people of our generation aren't able to die for good causes any longer. We had all that done for us, in the thirties and the forties, when we were still kids. There aren't any good, brave causes left".

John Osborne

in Look Back in Anger

Fazia (não sei se se mantém) parte do programa de Inglês do 12º ano. Uma peça dos anos 50 que dissertava sobre uma geração meio perdida, meio desiludida, meio desorientada para com o mundo que, de repente, lhes era apresentado. Haviam sido crianças em tempos de guerra, tinham crescido ao som da luta e da morte pela pátria e agora, jovens capazes de lutar, viam um mundo que já não lhes pedia que perdessem a vida por uma causa maior, os velhos impérios caiam e os valores que os seus pais haviam defendido estavam no meio de uma cansada mudança. Entre o baby boom e o movimento hippie, entre o admirável mundo novo e o "Paz e Amor", houve um tempo em que já não haviam grandes causas pelas quais lutar. Rebeldes sem uma causa, essa geração andou meio perdida até encontrar os seus valores e o seu lugar na sociedade, ou pelo menos até o momento em que novas lutam precisaram de ser travadas e de novo nasceu a vontade de agir.
Li o livro de um assentada numa tarde de domingo. Aqueles jovens irados não diferiam muito de uma geração à qual em parte me identificava. Ainda há grandes causas pelas quais morrer? Sim, claro! Mas estamos tão cansados das lutas dos nossos pais e avós, vivendo numa sociedade que já em si nos coloca tantos obstáculos, que crescemos conformados com o que obtemos. Digamos...estamos demasiado preocupados com as nossas pequenas batalhas individuais para pensarmos em sofrer pelo colectivo. Somos mais egoistas? Talvez. Andamos zangados, irados por isso? Não. Andamos frustrados. Queremos tanto, batalhamos tanto e nunca nos satisfazemos. 50 anos passaram e continuamos desorientados.

Há uns dias apanhei na RTP2 uma noite dedicada a James Dean e vi o seu Rebel Without a Cause (Fúria de Viver). A personagem enquadra-se nesse perfil de angry young man que John Osborne esboçou. Insatisfeito, desorientado, com vontade de agir, lutar, sem ter uma causa definida. Pediam-lhe apenas que vivesse.

Mas que vontade de viver aquela! "Live free, die young". Porque não temos hoje essa mesma fúria? Faz-nos falta alguma dessa inspiração. Na literatura, na música, na arte, na realidade que todos os dias escrevemos. É que continuamos desorientados, mas a chama e a paixão que davam encanto ao perfil esfumou-se.

Uns parágrafos então apenas para deixar a sugestão do livro e do filme. E finalmente descobri onde se tinha inspirado o videoclip da Paula Abdul onde o Keannu Reeves faz uma participação.

2 comentários:

Pedro Henrique Gomes disse...

Não sei até que ponto vale a máxima "Live free, die young", já que morrer não pode ser tão bom. Prefiro algo como "Live free, every single day".

Abs!

claudia disse...

Também :) Eu comentava mais a intensidade da frase que o seu sentido em si.